História

A Baia-do-Sol é a povoação mais antiga da ilha do Mosqueiro, uma vez que ali chegaram os primeiros colonizadores portugueses vindos de São Luís do Maranhão. Banhada pela baia do mesmo nome, localiza-se ao norte, em frente a Colares, a antiga ilha do Sol, onde viviam aldeados os tupinambaranas. Habitada no longínquo passado pelos morobiras, também exímios pescadores da mesma nação, possui praias largas, favoráveis aos ventos e às correntezas das enchentes, as quais eram utilizadas pelos índios, no retorno da pescaria, como local apropriado ao processo de conservação do pescado, no preparo do moqueio, que consiste em assar o peixe no moquém (grelha de madeira fresca), ao calor brando da fogueira. Essa atividade indígena, também desenvolvida nas praias do sudoeste banhadas pela baia de Santo Antônio, fixou a denominação de ilha do Moqueio (atualmente Mosqueiro), substituindo o registro cartográfico de ilha de Santo Antônio existente em 1.666, no mapa de João Teixeira Albernaz. Praia Grande: uma das praias do moqueio, técnica indígena de conservação do pescado.




             Nessa região denominada Província dos Tupinambás, viviam os índios há 12.000 anos, até que foram impiedosamente dizimados pelos conquistadores europeus como os capitães Jerônimo Fragoso e Bento Maciel Parente, embora a construção e o progresso de Belém, em mais de dois séculos, tenham dependido da imprescindível participação nativa, tanto nas edificações quanto no abastecimento da cidade com o comércio de suas colheitas, frutas, drogas-do-sertão, mandioca, farinhas, a caça e o peixe tão abundante nas águas do rio-mar.

          O nome da povoação, hoje um bairro do Distrito do Mosqueiro, reafirma a denominação da baia formada pelo rio Pará, tão sugestiva a ponto de dizer-se que o Sol nasce e morre ali, na visão de quem observa à sua frente, sobre as águas, a trajetória eterna do astro-rei, desde o seu berço na ilha do Sol até seus derradeiros raios para as bandas do Paraíso. Fascinados, os índios cultuavam o deus Sol, presença constante a iluminar sua faina diária, proporcionando-lhes o peixe, a caça e os frutos da terra.  Primeiro aventureiro europeu a descortinar tão paradisíaco cenário, o espanhol Vicente Yánes Pinzón ali aportou em janeiro de 1.500 e, na praia, onde pôde deleitar-se com o clima tropical atenuado pelo vento norte, observou maravilhado a imensidão de águas doces e esbranquiçadas pelos sedimentos a que chamou “mar dulce’, em sua perene e titânica luta contra o avanço do oceano sobre as terras verdejantes. Estava ele na costa oriental do rio Pará, braço sul do Amazonas. Local onde se tem uma visão panorâmica da baia do Sol.

              Outro explorador espanhol, Francisco de Orellana, de volta ao delta amazônico em 1.545, fundeara, com certeza, sua nau na baia do Sol, entre as ilhas de Colares e do Mosqueiro. É provável ter desembarcado na praia mosqueirense, já que existe relato de sua surpresa ao constatar a abundância de peixes e frutas.
     Local entre as ilhas de Colares e do Mosqueiro onde Francisco de Orellana fundeara sua nau.
 é provável que Francisco de Orellana tenha desembarcado às proximidades da Fazendinha

       Até o fundador da cidade de Santa Maria de Belém do Grão Pará, Francisco Caldeira Castelo Branco, ao deparar-se, em 1.616, com a orla praiana da enseada que se abre para a baia do Sol, pensara ali instalar o primeiro núcleo de colonização portuguesa, não o fazendo pela dificuldade de desembarque das naus causada pelas enormes maresias da tarde, tão comuns naquela costa da ilha.

      As terras da Baia-do-Sol foram doadas como sesmarias ao Padre Antônio Nunes da Silva, em 6 de dezembro de 1.746. Seus herdeiros, utilizando a mão-de-obra de escravos africanos, libertados somente no dia 6 de abril de 1.888, construíram e fizeram florescer sítios agrícolas tão importantes que tornaram a família Silva a mais tradicional daquela parte da ilha. Como herança, o sítio “Paraiso,” antes denominado “Santana”, coube a Fernando Silva e, depois, à família Travassos, pelo casamento de sua filha Ana Silva com o português José Travassos. O sítio “Paissandu” foi herdado por Jorge Silva, propriedade que passaria à família Pamplona pelo casamento do dono com Adelina Pamplona. As terras em frente à ilha das Pombas, chamadas, naquela época, de Paraguai—talvez uma referência à participação paraense naquela guerra—foram requeridas por Leocádio José da Silva, que, motivado por sua grande devoção à Virgem Imaculada, mudou o nome do Sítio para Conceição. A Casa Grande foi erguida em 1.864 e, anexa a ela, Leocádio Silva mandou construir uma Capela para a Santa, cuja licença foi concedida pelo Bispado de Belém e cuja bênção foi dada pelo Padre Castilho, Vigário de Benevides, no dia 10 de janeiro de 1.855.

Partidário ferrenho de Lauro Sodré, Leocádio Silva foi o chefe político da mais alta expressão na Baia-do-Sol, na segunda metade do século XIX. Casado com Maria do Carmo Silva gerou sete filhos, os quais mantiveram a propriedade na família: Leocádio da Silva Júnior, Izabel da Silva, Florêncio José da Silva, Mariana Augusta da Silva, Rita do Espírito Santo Silva, Antônia Paes e Silva (que, formada na Escola Normal, foi professora no primeiro Grupo Escolar do Mosqueiro) e Gabriel Arcanjo da Silva.

No extremo oriental da ilha, Tomaz Silva instalou-se nas terras que ficaram conhecidas como Fazendinha da Baia-do-Sol. Seu filho Rufino Antônio da Silva, cuja prole era numerosa, iniciou a povoação do lugar e foram seus herdeiros, Raimundo Nonato da Silva, Jorge Florêncio da Silva, Etelvina Camila da Silva e Maria Veneranda Trindade que, no dia 20 de setembro de 1.958, doaram à Irmandade de São Sebastião o terreno para a construção da nova Capela do Santo Padroeiro da localidade, substituindo a antiga erigida pela família e preservando a tradição religiosa que ali se instalara desde os primeiros tempos da ocupação. Aliás, as tradições católicas, entre as quais citamos a Festividade do Divino Espírito Santo na praia do Bacuri, chegaram com os jesuítas da Missão Myribira, responsável pela catequização dos indígenas da ilha do Mosqueiro. Capela do Divino Espírito Santo, na praia do Bacuri.

Este coreto fica na  pequena praça da praia da Baia-do-Sol na Ilha de Mosqueiro



  Na região da Baía do Sol, duas casas religiosas se instalaram: a primeira no local denominado “Fazenda” e a segunda no “Bacuri”“. Aquela tem como orago São Sebastião e esta, o Divino Espírito Santo. É curiosa a manifestação religiosa anual dos devotos desta última, em alegre procissão, verdadeira romaria fluvial, à base de canoas, barcaças, ubás, que se acumulam nas águas correntes da baía, levando seu protetor abençoando a fartura piscosa dos rios. Das dezenas de promessas de sua gente simples que então apela, pescadores e lavradores unidos pelo coração e pela unção religiosa do meio, muitas benesses chegam a promover espanto no seio da pequenina comunidade que nasce, vive e morre naquele lugar admirável, entre rios e coqueirais, praias a invadir matas e capoeiras, num sonho de permanentes esperanças de melhores dias.
Já no arraial da “Fazenda” as festividades de São Sebastião se consagram entre o povo com aquela mesma sentimentalidade interiorana que se verifica em outros pontos do Estado. Sempre as comemorações do dia do padroeiro se exaltam através da presença do sacerdote, a composição de sua diretoria-da-festa, as danças e bebedeiras, após o culto religioso pregado no templo, quando não faltam as rezadeiras, o pagamento às promessas e a celebração da Santa Missa. “Os folguedos entram pela noite adentro e foliões despertam com a madrugada dando vida ao lugar, estreitando as amizades, louvando a Deus pela boa sorte, saúde e ótima colheita nas correntes do rio que se alarga até o horizonte.”



Divino Espírito Santo, na praia do Bacuri.

Antes da rodovia e da ponte ligando o Mosqueiro ao continente, a Baia-do-Sol ficava isolada do restante da ilha, levando sua vida própria e independente da Vila, situada no extremo sul, e seu desenvolvimento restringia-se, sobretudo, às atividades socioeconômicas e políticas promovidas pelo clã com características feudais que ali se fixara desde os meados do século XIX, o que concorreu, de certa forma, para a preservação dos recursos naturais de grandes áreas daquela região.
Capela do Divino Espírito Santo, na praia do Bacuri.

Aliás, as tradições católicas, entre as quais citamos a Festividade do Divino Espírito Santo na praia do Bacuri, chegaram com os jesuítas da Missão Myribira, responsável pela catequização dos indígenas da ilha do Mosqueiro.


Capela de São Sebastião, na Fazendinha, em terreno doado pela família Silva no ano de 1.958. 
É provável que Francisco de Orellana tenha desembarcado às proximidades da Fazendinha









Antes da rodovia e da ponte ligando o Mosqueiro ao continente, a Baia-do-Sol ficava isolada do restante da ilha, levando sua vida própria e independente da Vila, situada no extremo sul, e seu desenvolvimento restringia-se, sobretudo, às atividades socioeconômicas e políticas promovidas pelo clã com características feudais que ali se fixara desde os meados do século XIX, o que concorreu, de certa forma, para a preservação dos recursos naturais de grandes áreas daquela região.

Até o fundador da cidade de Santa Maria de Belém do Grão Pará, Francisco Caldeira Castelo Branco, ao deparar-se, em 1.616, com a orla praiana da enseada que se abre para a baia do Sol, pensara ali instalar o primeiro núcleo de colonização portuguesa, não o fazendo pela dificuldade de desembarque das naus causada pelas enormes maresias da tarde, tão comuns naquela costa da ilha.
As terras da Baia-do-Sol foram doadas como sesmarias ao Padre Antônio Nunes da Silva, em 6 de dezembro de 1.746. Seus herdeiros, utilizando a mão-de-obra de escravos africanos, libertados somente no dia 6 de abril de 1.888, construíram e fizeram florescer sítios agrícolas tão importantes que tornaram a família Silva a mais tradicional daquela parte da ilha.
Como herança, o sítio “Paraiso,” antes denominado “Santana”, coube a Fernando Silva e, depois, à família Travassos, pelo casamento de sua filha Ana Silva com o português José Travassos. O sítio “Paissandu” foi herdado por Jorge Silva, propriedade que passaria à família Pamplona pelo casamento do dono com Adelina Pamplona. As terras em frente à ilha das Pombas, chamadas, naquela época, de Paraguai—talvez uma referência à participação paraense naquela guerra—foram requeridas por Leocádio José da Silva, que, motivado por sua grande devoção à Virgem Imaculada, mudou o nome do Sítio para Conceição. A Casa Grande foi erguida em 1.864 e, anexa a ela, Leocádio Silva mandou construir uma Capela para a Santa, cuja licença foi concedida pelo Bispado de Belém e cuja bênção foi dada pelo Padre Castilho, Vigário de Benevides, no dia 10 de janeiro de 1.855.
Partidário ferrenho de Lauro Sodré, Leocádio Silva foi o chefe político da mais alta expressão na Baia-do-Sol, na segunda metade do século XIX. Casado com Maria do Carmo Silva gerou sete filhos, os quais mantiveram a propriedade na família: Leocádio da Silva Júnior, Izabel da Silva, Florêncio José da Silva, Mariana Augusta da Silva, Rita do Espírito Santo Silva, Antônia Paes e Silva (que, formada na Escola Normal, foi professora no primeiro Grupo Escolar do Mosqueiro) e Gabriel Arcanjo da Silva.
No extremo oriental da ilha, Tomaz Silva instalou-se nas terras que ficaram conhecidas como Fazendinha da Baia-do-Sol. Seu filho Rufino Antônio da Silva, cuja prole era numerosa, iniciou a povoação do lugar e foram seus herdeiros, Raimundo Nonato da Silva, Jorge Florêncio da Silva, Etelvina Camila da Silva e Maria Veneranda Trindade que, no dia 20 de setembro de 1.958, doaram à Irmandade de São Sebastião o terreno para a construção da nova Capela do Santo Padroeiro da localidade, substituindo a antiga erigida pela família e preservando a tradição religiosa que ali se instalara desde os primeiros tempos da ocupação.

A Baia-do-Sol é a povoação mais antiga da ilha do Mosqueiro, uma vez que ali chegaram os primeiros colonizadores portugueses vindos de São Luís do Maranhão. Banhada pela baia do mesmo nome, localiza-se ao norte, em frente a Colares, a antiga ilha do Sol, onde viviam aldeados os tupinambaranas. Habitada no longínquo passado pelos morobiras, também exímios pescadores da mesma nação, possui praias largas, favoráveis aos ventos e às correntezas das enchentes, as quais eram utilizadas pelos índios, no retorno da pescaria, como local apropriado ao processo de conservação do pescado, no preparo do moqueio, que consiste em assar o peixe no moquém (grelha de madeira fresca), ao calor brando da fogueira. Essa atividade indígena, também desenvolvida nas praias do sudoeste banhadas pela baia de Santo Antônio, fixou a denominação de ilha do Moqueio (atualmente Mosqueiro), substituindo o registro cartográfico de ilha de Santo Antônio existente em 1.666, no mapa de João Teixeira Albernaz.

Praia Grande: uma das praias do moqueio, técnica indígena de conservação do pescado
Nessa região denominada Província dos Tupinambás, viviam os índios há 12.000 anos, até que foram impiedosamente dizimados pelos conquistadores europeus como os capitães Jerônimo Fragoso e Bento Maciel Parente, embora a construção e o progresso de Belém, em mais de dois séculos, tenham dependido da imprescindível participação nativa, tanto nas edificações quanto no abastecimento da cidade com o comércio de suas colheitas, frutas, drogas-do-sertão, mandioca, farinhas, a caça e o peixe tão abundante nas águas do Riomar.
O nome da povoação, hoje um bairro do Distrito do Mosqueiro, reafirma a denominação da baia formada pelo rio Pará, tão sugestiva a ponto de dizer-se que o Sol nasce e morre ali, na visão de quem observa à sua frente, sobre as águas, a trajetória eterna do astro-rei, desde o seu berço na ilha do Sol até seus derradeiros raios para as bandas do Paraíso. Fascinados, os índios cultuavam o deus Sol, presença constante a iluminar sua faina diária, proporcionando-lhes o peixe, a caça e os frutos da terra.
Primeiro aventureiro europeu a descortinar tão paradisíaco cenário, o espanhol Vicente Yánes Pinzón ali aportou em janeiro de 1.500 e, na praia, onde pôde deleitar-se com o clima tropical atenuado pelo vento norte, observou maravilhado a imensidão de águas doces e esbranquiçadas pelos sedimentos a que chamou “mar dulce’, em sua perene e titânica luta contra o avanço do oceano sobre as terras verdejantes. Estava ele na costa oriental do rio Pará, braço sul do Amazonas.

                No século XVIII, muitas pessoas requereram enormes áreas de terras em Mosqueiro, as léguas de "sesmarias" como era chamado o documento que doava as terras pertencentes à Província Imperial. Entre estes beneficiados estava o posseiro Padre Antônio Nunes da Silva a quem coube a doação das terras da Baía do Sol, em 06 de dezembro de 1746. Contando com a mão de obra de escravos africanos, seus herdeiros construíram sítios agrícolas como o Sítio Conceição, ainda preservado, e Sítio Santana cujas ruínas de sua casa grande encontra-se na propriedade do Hotel Paraíso. Na primeira metade do século XIX, o Pará vivenciou a revolta dos Cabanos, assim nomeada por fazer referência às habitações daqueles que formavam os maiores contingentes que integraram o movimento. Faziam parte do movimento camadas sociais desfavorecidas como caboclos, índios destribalizados e os negros libertos que moravam nas ilhas e regiões próximas a Belém, além de alguns fazendeiros e comerciantes inconformados com a política do presidente da província. No litoral de Mosqueiro, importante reduto Cabano, havia dois pontos artilhados; o da Vila, instalado nas barrancas da praia do Bispo, e o do Chapéu Virado, com artilharia montada nos penedos que ali existiam. Eram desses pontos que os Cabanos atingiam os navios que conduziam tropas, mantimentos, armas, munições e fardamento para o marechal Manuel Jorge Rodrigues na ilha de Tatuoca e para as tropas de Pernambuco que haviam aportado na ilha de Cotijuba. A resistência, instalada na ilha do Mosqueiro, enfrentou as forças legalistas, em 21 de janeiro de 1836, em plena praia do Chapéu Virado. Após horas de combate, vários mortos e feridos de ambos os lados e sem munição, os Cabanos saíram em retirada pelas matas e rios da região. Nas décadas seguintes à Cabanagem, Mosqueiro continuava com sítios agrícolas, concentrados em sua maioria no norte do Arquipélago, e um pequeno vilarejo ao sudoeste com suas casas localizadas, entre arvoredos, na beira da baía. Sua vinculação à Freguesia de Benfica na condição de Vila, fez com que este vilarejo viesse a dar origem ao bairro conhecido como Vila do Mosqueiro. Quando vice-presidente da Província do Pará, o Cônego Manoel José de Siqueira Mendes Sancionou a lei da Assembléia Provincial 563, de 10 de outubro de 1868, criando a Freguesia de Mosqueiro e extinguindo a de Joanes. Em seu artigo 1º lemos: "Fica criada na povoação de Mosqueiro uma freguesia sob a invocação de Nossa Senhora do Ó...". A igreja que havia na povoação e pertencia à Irmandade de Nossa Senhora do Ó foi indicada para matriz provisória e mandada avaliar para a devida indenização à irmandade, promovendo-se a sua conclusão pelo governo da Província, o mesmo ocorrendo com a obra do cemitério que ficava ao lado da capela e pertencia à mesma irmandade. D. Macedo era então o bispo do Pará e nessa qualidade designou em portaria de 02 de abril de 1869, para vigário da nova freguesia, o padre de cinqüenta e um anos, Manoel Antônio Rayol, que a aceitou e nela se radicou. O Século XIX chegava às suas últimas décadas, Mosqueiro deixaria de ser Freguesia e passaria para a condição de Vila de Belém em 06 de julho de 1895. A região começava a experimentar um novo ciclo econômico que traria grandes transformações. Para Mosqueiro estavam reservadas muitas surpresas


Colonização de Mosqueiro
A valorização da ilha do Mosqueiro, balneário distante 70 quilômetros de Belém por rodovia, teve início no final do século XIX e está ligada aociclo da borracha. Foram os estrangeiros, atraídos pela exuberância da economia da capital, os primeiros a valorizar a ilha como local de veraneio. Foram eles que construíram os casarões que ainda hoje podem ser vistos em torno da orla das praias do Farol, Chapéu Virado, Porto Arthur e Murubira. Os barões da borracha encamparam a descoberta. Começava assim o processo de ocupação da ilha.
O rio era então o único meio de acesso desta incipiente ocupação. A expansão vigorosa do processo ocorreria somente em 1968 com a inauguração da estrada, interligada por balsa. Foi um marco para a aceleração da especulação imobiliária, que se expandiu em direção às praias do Ariramba e São Francisco. A partir de 1976, a ocupação voltou a se intensificar com a construção da ponte Sebastião Oliveira.
Em Mosqueiro, os colonizadores se estabelecem nos terrenos altos, os "caris” na língua indígena, próximo da enseada, onde dispunham de segurança para suas embarcações. Quando chegaram à ilha, os portugueses já encontraram os índios Tupinambás (os "filhos de Tupã"), que fugiram do Nordeste após as invasões estrangeiras no litoral brasileiro. Bastante evoluídos para a época, os Tupinambás sabiam falar a língua geral, o Nheengatu, devido ao contato mantido com os estrangeiros. A partir do ciclo da borracha, a vila entrou num processo de grandes mudanças. Junto com Belém, Mosqueiro passou a conviver com a riqueza e o luxo e a usufruir as benesses trazidas pelo acelerado desenvolvimento registrado na capital. Chegaram os ingleses da "Pará Electric Railways Company", responsáveis pela instalação de energia elétrica e de meios de transportes interno. Vieram também alemães, franceses e americanos, funcionários de companhias estrangeiras como a "Port of Pará" e a "Amazon River".
De acordo com o IBGE, caso fosse emancipada, Mosqueiro, com 28 mil habitantes, estaria entre os municípios paraenses de médio porte. Os moradores, porém, não aceitam os números do censo. Para eles, a população está em torno de 50 mil.

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